Existe um grande número de
doenças que podem levar a algum tipo de deficiência. Eu conheço um grupo de
pessoas que se dedicam ao estudo de doenças raras e indico a vocês o blog deste
grupo, que também pode ser encontrado na barra lateral, sob o título “meus
parceiros de luta”.
Seu nome GEDR – Grupo de Estudo
de Doenças Raras.
Seu Blog:
A notícia de uma deficiência
permanente e uma doença incurável e progressiva, remete você a um mundo novo e
diferente.
O tempo passa a ser um luxo
que você não tem mais, o dinheiro, que até já estava rareando para mim depois
de três anos sem conseguir recolocação, também parece não ter mais o valor que
um dia já teve, só amor, carinho, atenção e respeito parecem ser realmente
importantes.
Uma vez, minha filha me
perguntou, ao fazer um trabalho da escola, o que era importante na vida, eu lhe
respondi que era tudo aquilo que o dinheiro não podia comprar e agora, mais do
que nunca eu tinha certeza de ter lhe dado a resposta certa.
Eu levei algum tempo até
realmente aceitar a minha nova condição, no final acabei me sentido agradecido
que tudo de ruim que se abateu sobre a minha família tivesse se abatido sobre
mim e não a minha esposa nem a minha filha.
Nesta época eu ouvi de quem
eu mais amava, as coisas mais tristes que um ser humano pode ouvir de alguém,
certa vez eu me lastimava pela doença, lastimava pelo diagnóstico errado de
1990, se a doença tivesse sido diagnosticada corretamente minha história teria
sido muito diferente. Minha esposa me interrompeu e disse: “... – se você não
tinha certeza do diagnóstico, por que foi por uma filha no mundo?...”. Em outra
oportunidade durante uma conversa sobre minhas dificuldades ela simplesmente
disse: “... – maldita hora em que fui colocar seu sobrenome no meu...”.
Houveram ocasiões que fui acusado por ela de ser vagabundo e aproveitador. Este
era o fim de nosso relacionamento, ela tinha todo o apoio financeiro e
psicológico da família dela e não estava a fim de dividi-lo comigo, eu estava
fora dos planos dela.
Eu neste instante da minha
vida, nos momentos que ficava só, me perguntava se estava correto fazê-la
sofrer, afinal, era a minha vida que estava indo a pique, eu era o capitão da
minha vida e só eu era obrigado a afundar com ela, acho que eu não tinha mesmo
o direito de destruir a vida de quem eu amava.
Eu conto estes fatos aqui,
para que as pessoas entendam o que passei, não estou aqui para julgar as
decisões e atos dos outros, muito menos desejo que os outros julguem quem quer
que seja. Eu mesmo sou um bom amigo de minha ex-esposa, sei que ela foi
influenciada por pessoas que tinham interesse em nossa separação.
O importante é que pensem
como agiriam se isto lhes acontecesse? Coloquem-se em meu lugar e no lugar
dela, o que teriam feito? Um casamento é como uma missão da NASA, nos casamos
por que nos sentimos preparados, qualificados e imaginamos uma missão completa
com sucesso até uma aterrissagem perfeita selando nosso “até que a morte nos
separe”. Ninguém pode prever os acidentes de percurso e ninguém está preparado
para eles.
Doenças, acidentes,
tragédias, são acontecimentos aleatórios e furtivos, podem acontecer com
qualquer um, independente de credo, etnologia, condição social, ideologia política ou opção sexual, até mesmo independe de se ser bom ou ruim, talvez sejam a única coisa realmente democrática que
experimentamos.
Agora eu tenho que enfrentar
“a mãe de todos os medos”, estou só, com uma doença incurável, sem sustento,
munido apenas da minha fé perene de momentos melhores, com a minha vontade de
lutar e a busca de uma improvável vitória.
Eu contei a vocês uma parte
da minha vida, uma parte triste, com certeza a mais difícil até aqui, omiti os
nomes das pessoas que me prejudicaram, aqueles que encerraram minha carreira, o
nome da empresa, o nome daqueles que instigaram minha separação. Não omiti
estes nomes por medo, afinal, sou um homem com uma pena de morte, que perdeu o
emprego a carreira e a família, de qual forma alguém poderia me intimidar?
Omiti estes nomes, porque
aprendi desde pequeno com meu finado pai, que quando não temos nada de bom para
dizer sobre as pessoas devemos nos calar. Omiti o nome destas pessoas porque
tenho pena delas, pois, são portadoras da pior das deficiências a deficiência moral.
Deixo minha postagem com um
poema de Mário Quintana
DEFICIÊNCIAS
- Mario Quintana (escritor gaúcho 30/07/1906 -05/05/1994).
"Deficiente" é aquele que não consegue
modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade
em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem
não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu
próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros
problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele
que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim
do mês.
"Mudo" é aquele
que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da
hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na
direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem
não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos
que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um
amor que nunca morre. "
Dedico esta minha postagem a
minha tia avó, que nos deixou nesta madrugada de 13/03/2012, mulher exemplo de
enfrentar dificuldades, todos os dias de sua vida sem nunca perder o sorriso, a
esperança e a vontade de lutar.
Tia Nete, onde você estiver,
descanse em paz e olhe por nós.
Mario Quintana fechou com chave de ouro essa importante postagem do amigo.
ResponderExcluirAproveito para dizer que recomendei o seu blog no meu próprio:
http://joefatherbr.blogspot.com.br/2012/03/fiquei-deficiente-e-agora-rubens.html
Abraços renovados!
Prezado JG Costa, fico muito feliz que minha escrita o agrade, prosseguirei em meu objetivo, agradeço muito seu apoio em divulgar-me, adorei seu blog, é muito inteligente e agradável, sou seu seguidor agora.
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