sexta-feira, 9 de março de 2012

Encarando a realidade


Hoje eu abrirei meus comentários, apresentando o alfabeto Braille, que permite a nossos colegas deficientes visuais a comunicação escrita.



Quando você recebe um diagnóstico de deficiência permanente, naquele exato instante, o médico parece ficar distante, sua vida inteira passa na sua frente e finalmente você percebe a sua insignificância. Nascemos sozinhos e assim morreremos, nem dinheiro, nem beleza, nem conhecimento, absolutamente nada pode mudar isso.

O problema agora se resume a quem depende de você, quem está dividindo uma vida com você e é para quem você tem que contar sua real situação.

Nesta hora, tudo o que você gostaria é se sentir amado, amparado, consolado e a única coisa que passa na sua cabeça é o temor que sintam pena de você.

Nos dias que seguem, começa a negação: “... não, isto não pode estar acontecendo comigo, eu vou encontrar uma solução...”, você se mune de toda sua força e vontade, ignora tudo que ouviu do médico e passa a concentrar sua força em arrumar um novo emprego, afinal, você não é um atleta, é um engenheiro, um executivo com um ótimo currículo, não precisa correr, sua função é administrar e você não precisa das pernas para isso.

Em poucas semanas de muito esforço, nenhum resultado, muita dor física e uma imensa carga psicológica, você começa a se dar conta da realidade, ninguém o quer, você se sente inútil, fica irritado com facilidade, assiste seu relacionamento, seus sonhos, tudo o que você construiu desmoronando tão ou mais rápido que a sua própria saúde.

Não encontrando o apoio esperado em casa, você passa a procurar seus amigos, pessoas do seu passado, alguém que possa ao menos te ouvir, te oferecer um ombro amigo, frente a revolta que vai te tomando por você ter sido escolhido por esta maldita doença.


Uma coisa muito interessante no Brasil é com certeza a religiosidade, quando falamos em preconceito por aqui, nós o negamos veementemente, mas, não sejamos hipócritas ele existe ainda que enrustido, basta assistir um canal de TV, os programas, as publicidades ou então visitar os escritórios de grandes empresas e verificar o tipo físico dominante, contudo, em matéria de religiosidade, que é um grande fator de preconceito no mundo, aí o Brasil é diferente de qualquer outro lugar.

Nós conhecemos as pessoas, trabalhamos com elas, fazemos amizades, temos bons vizinhos e nunca nos preocupamos com a procedência delas, muito menos com sua religião.

Neste momento difícil, meus amigos não podendo fazer nada por minha doença, sempre se oferecem a rezar por mim em suas religiões e muitos me convidam a suas igrejas, embora eu nunca tenha sido um homem muito religioso, eu na verdade nasci em uma família católica, mas, sempre tive uma visão muito pessoal de Deus, mas, eu acho uma manifestação tão bonita a pessoa oferecer a crença dela em um momento destes e não me nego a ir, são igrejas católicas, protestantes, sinagogas, mesquitas, templo budista, seicho no ie, centro espírita, é com certeza uma prova de carinho e atenção por parte dos verdadeiros amigos, uma manifestação bem brasileira.

2 comentários:

  1. Olá Rubens,

    Parabéns pela força e pela iniciativa. Criar um blog e dividir seus sentimentos, suas necessidades, suas carências... é uma partilha incrível que ajudará aquele que se encontram em situação semelhante bem como aquele que de forma direta ou indireta participa da vida de alguém com esta mesma realidade.
    Já estou acompanhando seu blog.
    Voltarei sempre!
    Sucesso!
    abraços

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    Respostas
    1. Obrigado por suas palavras Cybele, eu seguirei com minha luta procurando construir um mundo melhor, sei que parece uma luta inglória, mas tenho a certeza de estar fazendo a minha parte.
      Minha esposa é professora do município, especializada em educação de deficientes, quero aproveitar para apresentar-lhe o blog dela
      http://saaiemeicarlosdelaet.blogspot.com/
      estamos seguindo seu blog também

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