Hoje eu abrirei meus
comentários, apresentando o alfabeto Braille, que permite a nossos colegas
deficientes visuais a comunicação escrita.
Quando você recebe um
diagnóstico de deficiência permanente, naquele exato instante, o médico parece
ficar distante, sua vida inteira passa na sua frente e finalmente você percebe
a sua insignificância. Nascemos sozinhos e assim morreremos, nem dinheiro, nem
beleza, nem conhecimento, absolutamente nada pode mudar isso.
O problema agora se resume a
quem depende de você, quem está dividindo uma vida com você e é para quem você
tem que contar sua real situação.
Nesta hora, tudo o que você
gostaria é se sentir amado, amparado, consolado e a única coisa que passa na
sua cabeça é o temor que sintam pena de você.
Nos dias que seguem, começa
a negação: “... não, isto não pode estar acontecendo comigo, eu vou encontrar
uma solução...”, você se mune de toda sua força e vontade, ignora tudo que
ouviu do médico e passa a concentrar sua força em arrumar um novo emprego,
afinal, você não é um atleta, é um engenheiro, um executivo com um ótimo currículo, não precisa correr, sua função é administrar e você não precisa das pernas para isso.
Em poucas semanas de muito
esforço, nenhum resultado, muita dor física e uma imensa carga psicológica,
você começa a se dar conta da realidade, ninguém o quer, você se sente inútil, fica irritado com
facilidade, assiste seu relacionamento, seus sonhos, tudo o que você construiu
desmoronando tão ou mais rápido que a sua própria saúde.
Não encontrando o apoio
esperado em casa, você passa a procurar seus amigos, pessoas do seu passado,
alguém que possa ao menos te ouvir, te oferecer um ombro amigo, frente a
revolta que vai te tomando por você ter sido escolhido por esta maldita doença.
Uma coisa muito interessante no Brasil é com certeza a religiosidade, quando falamos em preconceito por aqui, nós o negamos veementemente, mas, não sejamos hipócritas ele existe ainda que enrustido, basta assistir um canal de TV, os programas, as publicidades ou então visitar os escritórios de grandes empresas e verificar o tipo físico dominante, contudo, em matéria de religiosidade, que é um grande fator de preconceito no mundo, aí o Brasil é diferente de qualquer outro lugar.
Nós conhecemos as pessoas,
trabalhamos com elas, fazemos amizades, temos bons vizinhos e nunca nos
preocupamos com a procedência delas, muito menos com sua religião.
Neste momento difícil, meus
amigos não podendo fazer nada por minha doença, sempre se oferecem a rezar por
mim em suas religiões e muitos me convidam a suas igrejas, embora eu nunca
tenha sido um homem muito religioso, eu na verdade nasci em uma família
católica, mas, sempre tive uma visão muito pessoal de Deus, mas, eu acho uma
manifestação tão bonita a pessoa oferecer a crença dela em um momento destes e
não me nego a ir, são igrejas católicas, protestantes, sinagogas, mesquitas,
templo budista, seicho no ie, centro espírita, é com certeza uma prova de
carinho e atenção por parte dos verdadeiros amigos, uma manifestação bem
brasileira.
Olá Rubens,
ResponderExcluirParabéns pela força e pela iniciativa. Criar um blog e dividir seus sentimentos, suas necessidades, suas carências... é uma partilha incrível que ajudará aquele que se encontram em situação semelhante bem como aquele que de forma direta ou indireta participa da vida de alguém com esta mesma realidade.
Já estou acompanhando seu blog.
Voltarei sempre!
Sucesso!
abraços
Obrigado por suas palavras Cybele, eu seguirei com minha luta procurando construir um mundo melhor, sei que parece uma luta inglória, mas tenho a certeza de estar fazendo a minha parte.
ExcluirMinha esposa é professora do município, especializada em educação de deficientes, quero aproveitar para apresentar-lhe o blog dela
http://saaiemeicarlosdelaet.blogspot.com/
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