Agora, passado o carnaval, eu
volto a minha narrativa, para quem curtiu o “HIT” em libras, da edição passada,
vai aqui o alfabeto em libras, vale conhecer.
Eu retornei ao serviço, sabia
não estar bem, mas, não conseguia mais ficar parado, até por que o meu retorno
a vida profissional acalmava em muito a minha própria família. O meu
diagnóstico na época foi pinçamento de nervo, um pinçamento na medula.
Eu evitei falar sobre o meu
problema na empresa, a observação de todos é o quanto eu engordei, depois de
quatro meses de maciças de corticóides eu praticamente dobrei de tamanho, e
parece que a minha estética gerava mais preocupação do que a minha saúde.
Assim eu vou travando minha luta
contra o mal que me assolou e em paralelo começo uma luta, como chefe da
manutenção, eu começo a observar a empresa com outros olhos, sempre que
possível, sem pedir qualquer autorização, eu incluo a acessibilidade.
Levando-se em consideração a planta da empresa, seus canteiros, suas calçadas,
a inexistência de rampas, as passagens estreitas no escritório e na fábrica, o
tamanho das portas, bem a empresa nunca havia tido um colaborador com
deficiência.
Eu passei a solicitar todos os
currículos que chegavam, para as vagas que eu requeria, ao contrário de receber
os três ou quatro pré selecionados que rotineiramente eram enviados pelo RH e
muita coisa desmoronou na minha vida.
Eu cresci neste país, batendo a
mão no peito, com orgulho, de que em meu país não havia preconceito, não havia
racismo, mas, também isto estava mudando em minha vida.
Eu comecei a aprovar os
candidatos apenas pela competência técnica, comecei a bater de frente com o RH
em muitos casos e acabei sendo chamado pelo chefão do RH, para uma conversa
fora da empresa, lá em “off” ele relata os grupos étnicos que alguns executivos
tiveram problemas e logo o RH evitava contratar e é claro as restrições alguns
grupos religiosos, homossexuais e portadores de deficiências.
Leis o Brasil tem muitas,
difícil é fazê-las valer, ninguém documenta as injustiças que comete,
principalmente se estiverem contra a lei, o médico carimba o aprovado, mas, por
telefone relata ao RH os riscos, o RH, não se indispõe com os executivos e o
resultado é que somente vão para a decisão técnica os candidatos que não
signifiquem risco ao RH, os demais recebem uma ligação dizendo que a empresa
optou por outro profissional.
Eu continuei minha cruzada por
mais doze anos, nesse tempo minha saúde foi se deteriorando. Finalmente em 2.000,
eu passei a mancar da perna direita, em 2001 o médico da empresa que eu atuava
pede uma nova bateria de exames detalhados, como resultado a estes novos exames
que ele fez questão de guardar, ele me considerou apto a trabalhar, mas,
recomendou que procurasse um neurologista.
Eu tinha um cargo diretivo na
empresa, não era um funcionário de fácil descarte, em 2002 acabei sendo vítima
de um circo digno de enredo de novela, que acabou culminando com o meu pedido
de demissão, nesta data, o médico me disse “... – eu mandei você procurar um
neurologista, se tivesse feito isso eles não poderiam fazer com você o que
estão fazendo...”.
Voltei ao desemprego, voltei a
buscar recolocação, com a minha experiência e o meu currículo, não deveria ser
difícil, apesar da pequena deficiência, mas, as portas se fecham de vez, foram
dezenas, talvez mais de uma centena de processos seletivos, em três anos,
finalmente um médico mais honesto e corajoso me diz: “... – eu não posso te
dizer isto por lei, mas, ninguém irá contratá-lo porque você tem um problema
neurológico...”
Agora eu estava certo de que o
problema era mais sério do que eu imaginava, eu não arrumaria outro emprego e
então vou ao neurologista, desta vez o diagnóstico é outro, bem mais sombrio
Esclerose Múltipla.
Encerrando a postagem de hoje,
em agradecimento a vocês que me acompanham, deixo um sinal em libras que
exprime o meu sentimento por todos:
Na próxima postagem, falarei um
pouco mais sobre a esclerose múltipla.
Primo
ResponderExcluirvocê é um ser humano incrível.
Agradeço sempre por ter conhecido você,seu pai,sua mãe,vó Aracy,seu irmão e o tio Café.
Lembro com muita alegria todos os momentos que passamos juntos não só no clube,mais nos demais lugres principalmente quando íamos para Caragua, lembra?
beijos
Lembro sim prima, muito obrigado por suas palavras
ResponderExcluirRubinho,
ResponderExcluirFomos vizinhos de muro durante bastante tempo, porém quando éramos crianças acabamos não solidificando a amizade que poderia ter evoluído. No entanto, espero poder compensar de alguma forma isso nessa nova fase de nossas vidas me pondo a disposição para divulgar sua luta ou qualquer outra situação em que possa ser útil. Um abração pra você, pra sua mãe, pro Tatá e tio Café.
Carlinhos
Bons tempos de nossa infância,
ResponderExcluirMuito obrigado Carlinhos, mandarei seu abraço pra turma toda, abraços aos seus também.