segunda-feira, 12 de setembro de 2016

ENTENDENDO A PARALIMPÍADA

Você provavelmente já se perguntou se o correto é ”Paralímpico” ou “Paraolímpico”, bem no dicionário brasileiro, o correto era “Paraolímpico”, uma palavra formada por uma derivação prefixial “para” + “olímpico”, onde o “para” deriva do grego “ao lado” ou “par”, mas, como eu já citei aqui, os esportes adaptados nasceram na Inglaterra e no inglês, a junção das palavras “paraplegic” + “olympics” geraram a palavra “Paralympics”. Com o nascimento do International Paralympics Committee, em 22 de setembro de 1989, o termo “Paralympics” se internacionalizou, portanto, oficialmente o termo correto hoje é “Paralímpico”.




Outra provável dúvida, deve ser quanto ao símbolo dos Jogos Paralímpicos, os três traços nas cores vermelho, azul e verde, são os “Agitos“ palavra derivada do latim, que significa “Eu me movo” e a quantidade de Agitos simboliza os componentes mais significativos dos seres humanos a “mente” o “corpo” e o “espírito”

Agora, se você está assistindo uma Paralimpíada pela primeira vez, você já deve ter notado que a mesma prova se repete algumas vezes, com atletas diferentes, e caso não tenha notado, no mínimo já deve ter se perguntado, como se divide o grau de dificuldade que cada atleta enfrenta.

As provas se repetem por que estão divididas para atletas com diferentes graus de comprometimento, abaixo eu vou esclarecer estes graus e suas classes por modalidade esportiva.



ATLETISMO


O programa de competições do atletismo é bem parecido com o dos Jogos Olímpicos. Na pista, os atletas correm distâncias que variam de 100 a 5000 metros; e, no campo, acontecem as disputas de saltos, lançamentos e arremessos. No último dia de disputa, acontecem as maratonas.

Todas as provas são seguidas de um código, com uma letra - que dizem se a disputa acontece na pista (T, do inglês track) ou no campo (F, de field) - e um número, que indica o grau de deficiência do competidor:

11 a 13 - Deficientes visuais.
20 - Deficientes intelectuais.
31 a 34 - Paralisia cerebral (cadeirantes).
35 a 38 - Paralisia cerebral (andantes).
40 – Anões.
41 a 47 - Amputados e outros.
51 a 57 - Competem em cadeiras de rodas (sequelas de poliomielite, lesões musculares e amputações).

A maratona está dividida em cinco categorias, sendo três classes masculinas (T12, T46 e T54) e duas femininas (T12 e T54).


TRIATLO


Modalidade que estreia nos Jogos Paralímpicos no Rio e reproduzirá a prova olímpica, com ajustes nas distâncias: 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida para atletas com diferentes deficiências, nas classes:

PT1 a PT4 - Competem atletas decorrentes de deficiências como carência de força muscular, deficiência nos membros, hipertonia, ataxia e/ou atetose, entre outras.
PT5 (apenas feminina), as atletas podem ser: totalmente ou parcialmente cegas, um guia de mesma nacionalidade é obrigatório durante toda a prova.


NATAÇÃO


O programa paraolímpico tem 29 provas, sendo 14 masculinas, 14 femininas e um revezamento misto. Os nados: livre, costas e borboleta são indicados pela letra S; o peito por SB; e o medley, SM. Os nadadores são agrupados em 14 classes, quanto maior a deficiência, menor a classe:

1 a 10 - Limitações físico-motoras.
11 a 13 - Deficientes visuais.
14 - Deficientes intelectuais.



HALTEROFILISMO




É a única modalidade em que os atletas são classificados pelo peso corporal, assim como nos Jogos Olímpicos, a diferença é que os atletas competem deitados em um banco e executam o movimento que é conhecido como supino. São dez categorias masculinas e dez femininas.


JUDÔ


A modalidade é disputada por atletas com deficiência visual, divididos em categorias de acordo com o peso corporal. O combate só inicia quando os atletas estão segurando o quimono um do outro. As classificações funcionais são três:

B1 - Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância.
B2 - Atletas com percepção de vultos.
B3 - Atletas que conseguem definir imagens.


HIPISMO


A única disciplina do hipismo no programa é o Adestramento, com três provas: individual, estilo livre individual e competição por equipes. São cinco classes funcionais:

IA e IB - Cadeirantes, atletas com pouco equilíbrio do tronco e/ou deficiência nos quatro membros ou sem equilíbrio do tronco e boas funções dos membros superiores.
II - Cadeirantes ou pessoas com alto grau de deficiência motora no tronco, com boas funções dos membros superiores, além de atletas com alto grau de deficiência no braço e leve deficiência na perna ou grave deficiência unilateral
III - Atletas que conseguem se locomover sem auxílio, têm deficiência moderada unilateral ou deficiência moderada nos quatro membros, e comprometimento severo do braço, ou ainda deficiência visual total ou severa.
IV - Atletas com deficiência em um ou dois membros ou alguma deficiência visual


CICLISMO DE ESTRADA E DE PISTA


A modalidade segue as regras da União Internacional de Ciclismo (UCI), com adaptações. Para cada tipo de deficiência, há uma bicicleta específica. As quatro classificações funcionais estão ligadas ao modelo usado pelos atletas:

H1 a H5 – Os atletas impulsionam a bicicleta adaptada (handbike) com os braços.
T1 e T2 - Ciclistas com paralisia cerebral cuja deficiência impede de andar em uma bicicleta convencional (competem em triciclos).
C1 a C5 - Competem em bicicletas convencionais, essas classes são direcionadas a competidores com deficiência físico-motora e amputados.
B - Classe destinada aos deficientes visuais, as bicicletas são de dois lugares (tandem) e o ciclista da frente enxerga normalmente.


REMO


Todas as provas são disputadas em distâncias de 1000m, não importando a categoria. São três classificações funcionais:

AS - Atletas com deficiência no tronco e nas pernas, cuja mobilidade se restringe aos ombros e aos braços. A competição é individual.
TA - Atletas que realizam movimentos com o tronco e os braços. A prova é realizada em duplas formadas por um homem e uma mulher.
LTA - Atletas que usam as pernas, o tronco e os braços para a remada. Esta categoria inclui até duas pessoas com deficiência visual. A embarcação é ocupada por quatro integrantes, sendo dois homens e duas mulheres, além de um timoneiro, que pode ser do sexo feminino ou masculino e não precisa ser uma pessoa com deficiência.


CANOAGEM VELOCIDADE


As provas são disputadas apenas com caiaques (K, do inglês kayak), na distância de 200m. São três eventos masculinos e três femininos, de acordo com as seguintes classes funcionais:

KL1 – Utiliza apenas os braços na remada.
KL2 – Utiliza tronco e braços na remada.
KL3 – Utiliza os braços, o tronco e as pernas na remada.


VELA


A vela é disputada em três categorias, todas sem divisão por gênero. Homens e mulheres. A quantidade de provas da regata é determinada pelos juízes da competição, para cada categoria.

2.4 MR - Tripulado por um único atleta, que pode ter uma deficiência mínima.
SKUD-18 - Para dois tripulantes paraplégicos, sendo que é obrigatória a presença de uma mulher.
SONAR - Para três atletas. Cada atleta recebe uma pontuação que varia de 1 a 7, em função do seu grau de deficiência, o conjunto dos tripulantes não pode somar mais que 12 pontos.


BOCHA


Tem competições individuais, por equipes e em duplas, todos os atletas competem em cadeira de rodas, sendo divididos em quatro classes funcionais:

BC1 – Com opção de auxílio de ajudantes, que podem estabilizar ou ajudar a cadeira do jogador e entregar a bola, quando pedido.
BC2 - Não podem receber assistência.
BC3 – Com deficiências muito severas, utilizam instrumento auxiliar, podendo ser ajudado por outra pessoa.
BC4 - Outras deficiências severas, mas que não recebem assistência.


ESGRIMA EM CADEIRA DE RODAS


A modalidade segue as regras da Federação Internacional de Esgrima (FIE), com adaptações. São duas classes funcionais:

A - Atletas com mobilidade no tronco; amputados ou com limitação de movimento.
B - Atletas com menor mobilidade no tronco e equilíbrio.


TIRO COM ARCO


Praticado por atletas com paralisia cerebral, paraplégicos, tetraplégicos, amputados, pessoas com doenças disfuncionais e progressivas e múltiplas deficiências. A disputa tem a dinâmica dos Jogos Olímpicos, com duas classes de eventos:

Aberto – Atletas com deficiência nas pernas e cadeirantes ou com deficiência de equilíbrio, atirando de pé ou sentado em um pequeno banco.
W1 – Os atletas podem ter deficiência nas pernas e fazer uso de uma cadeira de rodas.


TIRO ESPORTIVO


Atletas com diferentes tipos de deficiência podem competir juntos em três classes:
SH1 pistola - Atletas com deficiência nos membros inferiores e/ou braço não usado para atirar.
SH1 rifle - Atletas com deficiência nos membros inferiores.
SH2 rifle - Atletas com deficiência nos membros superiores e que precisam de suporte para a arma, pois não conseguem segurá-la com os braços.


TÊNIS DE MESA


Com regras e dinâmica semelhantes às dos Jogos Olímpicos, a modalidade tem 11 classificações funcionais:

TT1 a TT5 – cadeirantes.
TT6 a TT10 – andantes.
TT11 - andantes com deficiência intelectual.


TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS


Para participar é preciso ser diagnosticado com deficiência locomotora. Ao contrário da modalidade olímpica, é permitido o segundo quique, e os atletas devem rebater antes do terceiro toque na quadra. São duas classificações funcionais:

Aberta - Atletas com deficiência motora, mas sem comprometimento de braços e mãos.
Quad - Atletas com deficiência motora que afeta também os braços, dificultando o domínio da raquete e a movimentação da cadeira de rodas. Nesta classe, a disputa é mista.


ESPORTES COLETIVOS


BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS


As dimensões da quadra, a altura da cesta e o tempo de partida são iguais ao basquete dos Jogos Olímpicos. Os atletas são classificados em oito classes diferentes (1 / 1,5 / 2 / 2,5 / 3 / 3,5 / 4 e 4,5), sendo que, quanto menor o número, mais significante é a limitação. Em quadra, as equipes não podem exceder a pontuação máxima de 14 na soma do conjunto.


FUTEBOL DE 5


O futebol de 5 é exclusivo para cegos nas Paralimpíadas. A única exceção é o goleiro, que tem visão normal, mas ele não pode ter participado de competições oficiais da FIFA nos últimos cinco anos para poder ser considerado apto para a modalidade. A bola tem guizos internos para que os jogadores consigam localizá-la, e os atletas também contam com a orientação de um chamador, que fica atrás do gol, auxiliando a direcionar os chutes.


FUTEBOL DE 7


O futebol de 7 é praticado por atletas com paralisia cerebral. Os jogadores são classificados de acordo com o grau de comprometimento físico, em uma escala que vai de 5 a 8 - quanto menor a classe, maior a limitação. Cada equipe deve ter em campo pelo menos um atleta das classes 5 ou 6 e, no máximo, um da classe 8.


GOALBALL


Modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A disputa acontece em uma quadra com as mesmas dimensões das de vôlei, com um gol de cada lado com a mesma largura (9m, com 1,30m de altura). Todos os jogadores são atacantes e defensores. Há três classificações funcionais (B1, B2 e B3), mas todos competem vendados, para que haja igualdade de condições.


RUGBY EM CADEIRA DE RODAS


Competem no esporte tanto homens, quanto mulheres (não há divisão de gênero) com tetraplegia ou deficiências nas quais as sequelas sejam similares. Os jogos acontecem em quadras e o objetivo é passar da linha do gol com as duas rodas da cadeira e a bola em mãos.

Os atletas são divididos em sete classes funcionais (0,5 / 1 / 1,5 / 2 / 2,5 / 3 e 3.5), de acordo com sua mobilidade e resquícios de movimentos. Quanto maior a motricidade, maior a nota. Os atletas com classificações mais baixas, jogam na defesa, e, os que possuem classificações mais altas, formam o ataque. A pontuação em quadra não pode ultrapassar oito pontos na soma geral, mas, para cada mulher em quadra, mais 0,5 pode ser acrescentado ao limite de pontos da equipe - com duas mulheres jogando, por exemplo, a pontuação máxima pode ser 9.


VÔLEI SENTADO


No vôlei sentado, podem competir homens e mulheres que possuam alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. Os jogadores são divididos em dois grupos, de acordo com o grau de limitação ocasionado pela sua deficiência. Os com amputações e com problemas locomotores mais acentuados são classificados como D (do inglês,disabled). Já os que possuem deficiências quase imperceptíveis como problemas de articulações leves ou pequenas amputações nos membros são classificados como MD (minimally disabled) - cada equipe só pode ter um MD em quadra por vez.

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