quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A deficiência e o respeito.


Retornando...

Estive afastado, aproveitei o mês de julho para refazer uma cirurgia no ombro, fazer uma reforma na parte elétrica de casa e substituir o meu equipamento de informática, neste tempo vivi situações de total desrespeito ao deficiente, que passo a relatar.

Bem no começo do mês, fui a uma consulta no oftalmologista, eu a agendei pelo meu convenio e ocorreu em uma clínica bem referendada pelo convenio, a clínica era o CERPO, localizada da Avenida Adolfo Pinheiro nº 2065. A clínica ocupa um prédio de magnífica arquitetura, totalmente impróprio a deficientes, lembrando que quem vai a uma clínica oftálmica, tem ao menos uma leve deficiência visual.

Não existe vaga para deficientes, a escadaria na entrada é o prenuncio do problema, na recepção você é informado que deveria ter informado de sua deficiência no ato do agendamento da consulta, para que lhe designassem outra unidade.

O lugar possui elevador, mas, por força da arquitetura, pasmem, ele para nos “meio-andares”, ou seja, não importa em que andar você vá, devera escolher entre subir ou descer um “meio-lance” de escadas.

As fotos mostram o local.


1. escadaria de acesso a clínica.



2. elevador da clínica (fica entre os andares)

Após realizar minha cirurgia no ombro, ainda em restabelecimento, eu iniciei uma reforma elétrica em casa e necessitando de materiais saí com minha esposa para comprá-los, a primeira opção foi a C&C, próximo a minha casa, Avenida Giovanni Gronchi nº 5812, esta loja tem um amplo estacionamento, dispõe de vagas para deficientes que são fiscalizadas por seguranças e é plana, mas, dispõe apenas de cadeiras de rodas convencionais para os clientes.

Gente, se o cliente deficiente for fazer compras sozinho e caso tenha condições de conduzir a cadeira, como ele empurra também o carrinho? E caso o cliente seja assistido, como era o meu caso, o assistente empurra a cadeira ou o carrinho?

Obviamente eu desisti de fazer compras nesta loja, fiz minhas compras na Leroy Merlin Morumbi, na Marginal Pinheiros, lá o estacionamento é amplo, existem vagas reservadas para deficientes, mas, como não são fiscalizadas, são comumente utilizadas por pessoas normais de baixa educação, uma Porsche Cayenne, dirigida por um senhor sem qualquer deficiência ocupava uma das vagas, provando que dinheiro em absoluto é significado de educação.

Esta loja é dotada de cadeiras motorizadas o que permitiu que eu fizesse minhas compras tranquilamente, contudo, eu tive que trocar um material e quando retornei a loja, a cadeira motorizada não estava disponível, acreditem, uma loja daquele porte dispõe apenas de uma cadeira motorizada e uma cadeira convencional, como a troca era pequena, eu resolvi utilizar a cadeira convencional, porém, a mesma não tinha a menor condição de uso, e para não descrevê-la, eu a fotografei, sob os protestos do segurança.

Vejam o estado da cadeira:


1. barras traseiras quebradas.


2. suporte para o pé direito quebrado.

Gente, quando o meu quadro se agravou e eu me tornei deficiente, eu procurei me trancar em casa, já temendo este tipo de tratamento, mas, é inaceitável no século vinte e um, que o Brasil marginalize aos seus cidadãos deficientes, o deficiente é acima de tudo um ser humano e também um consumidor e um eleitor.

Em janeiro de 2011, o aeroporto internacional de Guarulhos não tinha um funcionário da Infraero que pudesse ao menos dar uma informação de onde conseguir uma cadeira de rodas, em plena área de desembarque de deficientes, em janeiro de 2012, foi necessário que eu me arrastasse até o balcão da Gol no aeroporto de Congonhas, para que a empresa me conseguisse uma cadeira. O atendimento da empresa foi VIP, mas, descer do carro e conseguir a cadeira foi sofrível.

Será assim que receberemos os atletas da Para Olimpíadas em 2016?

Eu hoje faço as minhas compras no Pão de Açucar, pois, este grupo dispõe de cadeira motorizada e atendentes treinados para atender aos deficientes e freqüento somente ao Shopping Jardim Sul, que possui tratamento adequado e respeitoso ao deficiente, mas, acredito que só reclamando e citando nomes e fatos é que conquistaremos o merecido respeito.

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